Salve, galera!
Do ponto de vista semântico, o verbo HAVER não tem sentido de nada. Ele é uma espécie de camaleão, que só passa a ter sentido definido a depender do contexto.
Vejamos suas peculiaridades!
1) Com o sentido de comportar-se/proceder, é verbo intransitivo e pronominal.
– As minhas meninas sempre SE HOUVEM bem na casa das tias.
2) É pronominal e transitivo indireto com os sentidos de “avir-se, prestar contas, tratar”; exige a preposição “com”.
– Caso trame intrigas, certamente SE HAVERÁ comigo e com a justiça.
3) Com o sentido de obter/conseguir, é verbo transitivo direto e indireto.
– Os sem-terra HOUVERAM essas terras de quem?
4) Usa-se HÁ, e não A, para indicar tempo decorrido. Nesse caso, é um verbo transitivo direto.
– A cinco anos não viajo para os EUA. (errado)
– HÁ cinco anos não viajo para os EUA. (certo)
5) Com os sentidos de “possuir, considerar/julgar”, é transitivo direto e varia normalmente.
– Se HOUVESSE coragem, homem, não teria sido ridicularizado. (possuir)
– HAVIAM-no por sábio. (considerar/julgar)
– Os diretores HOUVERAM por bem antecipar o anúncio das novas diretrizes. (considerar)
Obs.: Nas duas últimas frases, o verbo haver é transobjetivo, ou seja, exige um objeto direto e um predicativo do objeto – normalmente iniciado pela preposição essencial “por” ou acidental “como”. Logo, “por sábio” e “por bem” são predicativos do objeto.
6) Quando tem sentido de “existir, ocorrer, fazer” (indicando tempo decorrido), é considerado impessoal, ou seja, um verbo que não tem sujeito, ficando por isso na 3ª pessoa do singular obrigatoriamente. Nesses casos, é transitivo direto. É muito importante esclarecer que, quando ele é verbo auxiliar de uma locução verbal, varia normalmente, mas, quando é verbo principal com sentido de “existir/ocorrer” ou “fazer” (indicando tempo decorrido), o auxiliar da locução verbal fica invariável, constituindo uma oração sem sujeito. ISSO CAI MUITO EM PROVA!!!
– A convicção de que não HAVIA riscos fez o homem pular de paraquedas. (existir)
– HOUVE inúmeros encontros hoje na convenção. (ocorrer)
– Ninguém aparecia na reunião HAVIA meses. (fazer)
– HÁ dias que não durmo bem. (fazer)
– HÃO de existir políticos honestos um dia. (Note que o verbo haver é auxiliar, e o principal não é um verbo impessoal.)
– Há de HAVER soluções emergenciais! (Note que o verbo haver é auxiliar e principal na locução verbal, mas, como principal, é um verbo impessoal, pois tem sentido de existir, por isso o verbo auxiliar não varia.)
Vamos fazer uma questão para fechar o caixão?
– (CESGRANRIO) De acordo com a norma-padrão, o verbo HAVER não pode assumir a forma de plural quando é usado como verbo impessoal. A forma verbal destacada NÃO é impessoal em:
a) Em muitos casos, não há alternativa senão defender uma visão conservadora da sociedade.
b) Embora muitas pessoas insistam em não aceitar a mudança, para mim não há verdade indiscutível.
c) Houve época em que os valores religiosos se impunham à quase totalidade das pessoas.
d) Não haverá convívio social equilibrado e produtivo sem princípios e valores estabelecidos.
e) Uma comunidade que não respeitasse certos princípios e normas haveria de fracassar.
Gabarito: E. Em todas as opções, o verbo “haver” tem sentido de existir, por isso é impessoal (nunca varia, por nunca ter sujeito!). No entanto, na letra E, tal verbo é auxiliar de uma locução verbal (“haveria de fracassar”). Quando ele é auxiliar, nunca é impessoal e pode variar normalmente de acordo com o seu sujeito.
Espero ter ajudado. 😉