Salve, galera!
Um aluno me perguntou se as palavras “transoceânicas” e “reabastecimento” são formadas por derivação “prefixal e sufixal” ou por derivação “parassintética”. Dei a ele a resposta tradicional, a saber:
“Veja: trans + oceano + icas = transoceânicas (partindo da palavra primitiva, derivação prefixal e sufixal), re + abastecer + mento = reabastecimento (partindo da palavra primitiva, derivação prefixal e sufixal).”
Por que eu disse “partindo da palavra primitiva”? Porque a maioria dos gramáticos analisam assim: se a palavra primitiva estiver acompanhada de prefixo e sufixo, e um deles puder ser retirado, sobrando uma palavra existente na língua, haverá derivação prefixal e sufixal (“transoceano” não existe, mas “oceânicas” existe, logo, como a palavra “transoceânicas” tem prefixo e sufixo em sua constituição, ela sofreu derivação “prefixal e sufixal”).
O mesmo não ocorre com as que sofreram derivação parassintética, como “conterrâneo” (con + terra + âneo; não existe “conterra” nem “terrâneo”). Nesse caso, dizemos que o prefixo e o sufixo não podem ser retirados, pois entraram juntos, simultaneamente, para formar tal palavra.
Segundo o inoxidável e polêmico Bechara (e algumas bancas, como a FGV), pode-se analisar a palavra a partir do último processo formador. “Como assim, Pest?!” Simples!
A palavra “transoceânicas” é derivada de “oceânicas”, que é derivada de “oceano” (oceano > oceânicas > transoceânicas). Logo, o último elemento que entrou na formação da palavra “transoceânicas” foi o PREFIXO “trans”, de modo que podemos dizer que tal palavra foi formada pelo processo de derivação PREFIXAL. Sacou?
A palavra “reabastecimento” é derivada de “reabastecer”, derivada de “abastecer” (abastecer > reabastecer > reabastecimento). Se reabastecimento é o ato/resultado de reabastecer, logo reabastecimento deriva de reabastecer. Percebe a lógica? Logo, o último elemento que formou a palavra “reabastecimento” foi o SUFIXO “mento”, de modo que podemos dizer que tal palavra foi formada pelo processo de derivação SUFIXAL. Sacou?
Trocando em miúdos¹: para o Bechara não existe derivação “prefixal e sufixal” em palavras que têm prefixo e sufixo; ou a derivação é prefixal, ou a derivação é sufixal, ou a derivação é parassintética.
Trocando em miúdos²: existem maneiras diferentes de analisar o processo de formação de uma mesma palavra.
Português não é Matemática!
😀
P.S.: A maioria das bancas trabalham com a análise do processo de formação a partir das palavras primitivas!!! Caso queira saber mais, muito mais, sobre processos de formação de palavras, recomendo que leia o capítulo 6 de “A Gramática para Concursos Públicos”.